Em que água vives

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domingo, 22 de junho de 2014

13 - Autores e Bibliografia

Prof. Hélder Silva
Alunos das turmas 12A e 10AS do AEDAH.

Ano letivo 2013/2014.

Bioassays Using Daphnia: Why Daphnia? Cornell University and Penn State University.
A água subterrânea da cidade do Porto - Avaliação Ecotoxicológica. Ciencia Viva – Biologia no verão.
Anatomia, fisiologia e ecologia da Dáfnia.
Martins, J. (2005). Sistemas de alerta precoce de perturbações no meio aquático: Daphnia magna Straus como bioindicador. Tese de Mestrado. Departamento de Zoologia e Antropologia. FCUP. Porto.
- SILVA, Patricia; PINTO, Angelina (2008) Protocolo para ensaio de toxicidade aguda com Daphnia magna (baseado na norma ISSO-6341); Utilização de um Modelo Biológico (Daphnia magna) no ensino experimental das ciências.

12 – Agradecimentos

Ao Dr. José Carlos Martins e Joana Saiote do CIIMAR - Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental da Universidade do Porto.

Aos alunos das turmas 12A e 10AS por se terem disponibilizado para este projeto em especial aos alunos Ângela, João, Albertino, Bruna, Francisco que dispensaram o seu tempo de pausa letiva para ajudar a concluir este trabalho.

11 – Conclusões

O presente trabalho tinha como objetivo principal determinar a qualidade biológica da água dos rios Ave e Vizela, utilizando como bioindicador a Daphnia magna e assim concluir sobre o impacto ambiental provocado pelas descargas das ETAR´s das várias indústrias existentes ao longo destes cursos de água.

Não possível aplicar os bioensaios de toxicidade aguda sobre todas as amostras recolhidas devido aos facto de não se ter conseguido o número de indivíduos necessários para realizar os testes. Aliás esta foi a grande contrariedade do nosso projeto já que durante a fase de manutenção e reprodução das culturas de Daphnias foram registadas taxas de mortalidade elevadas.

 Após a aplicação do bioensaio na amostra 5 não foi possível determinar o valor do 48h-CL50 visto que a percentagem de mortalidade nas diluições terem sido bastantes baixas. Por este facto julgamos que podemos concluir que o rio Ave, no local da Ponte de Caniços apresenta água com qualidade biológica satisfatória apesar das descargas a que os rios são sujeitos pelas várias ETAR’s.
Podemos também concluir que as descargas das ETAR’s existentes ao longo dos rios Ave e Vizela tiveram, pelo menos durante o período da recolha da amostra, um impacto ambiental reduzido, que nos foi traduzido pela baixa mortalidade das Daphnias e pela incapacidade de determinar os valores de 48h-CL50 da amostra.

10 – Interpretação dos resultados

Como se pôde verificar a partir da análise das tabelas e do gráfico de 48h-CL50, para a situação de controlo (Daphnias em meio ASTM) obteve-se uma percentagem de mortalidade de 0%. Este valor está abaixo do valor de 10% que serve de referência para a validação dos resultados pelo que se poderá considerar que estes resultados poderão ser considerados válidos. Contudo, não foi possível verificar se as concentrações de oxigénio dissolvido no fim do teste era maior ou igual a 2mg/L.

Relativamente às diluições feitas a partir da amostra 5 – Ponte De Caniços (rio Ave), pode-se referir que a amostra a 100% provocou a morte a 37,5% dos indivíduos (3 em 8 Daphnias). Este valor pode ser considerado baixo já que como não causou a morte a 50% dos indivíduos não foi possível determinar o valor do 48h-CL50.
Também a diluição a 6,75% apresenta valores de mortalidade de 12,5% (1 em 8 Daphnias). Pelo facto de as diluições a 50%, 25% e 12,5% não terem registado mortalidade, pode-se extrapolar que o indivíduo morto na diluição a 6,75% pode ter perecido por outros motivos que não a existência de poluente na amostra de água.
Embora os resultados obtidos sejam curtos, já que deveria-se ter respeitado o número de réplicas para cada diluição, isto é de 4, permite extrapolar que a água terá alguma qualidade biológica para suportar as Daphnias e por isso suportar vida aquática.




Relativamente aos valores de pH medidos na amostra pode-se afirmar que embora se tenha registados valores perto do nível 9, as diluições apresentam valores neutros ou muito próximos, que são perfeitamente sustentáveis para a sobrevivência das Daphnias.

9 – Resultados

NOTA: Devido a problemas registados nas culturas de Daphnia, não foi possível obter o número de indivíduos necessários para realizar os testes de toxicidade aguda em toas as amostras. Assim optou-se por realizar o bioensaio sobre a amostra número 5. Que foi recolhida junto à ponto de Caniços, local de confluência dos Rios Ave e Vizela. A O motivo da seleção deste local deve-se ao facto de que se existir alguma fonte de poluição a montante deste local, causado pelos efluentes das várias ETARS das indústrias, então os possíveis poluentes poderão estar presentes neste local.



No início do teste (ás 0 horas) foi medido o parâmetro de pH de cada réplica para cada amostra. De salientar que os valores da amostra controlo servirão de comparação para todas as restantes. Após 48h de bioensaio foi medido novamente os valores de pH (tabela II)


Os resultados para a determinação dos valores do 48h – CL50 encontram-se na tabela III:


Pelo facto de o número stock de Daphnias ser insuficiente apenas foram preparadas duas réplicas (R1 e R2) com 4 Daphnias cada.
Dos valores da percentagem de mortalidade obtidos foram utilizados numa folha Excel de modo a calcular o 48h-CL50. Os gráficos obtidos encontram-se a seguir representados. Visto que para todas as diluições a taxa de mortalidade foi inferior a 50% o valor de CL50 não foi determinado (ND)






8 – Material / Procedimento

8.1. Material

O material necessário para o bioensaio de cada amostra:
  • 1 Balão volumétrico de 500 ml;
  • 1 Balão volumétrico de 250 ml;
  • Pipeta;
  • Gobelés;
  • Copos plásticos
  • Daphnias
  • Medidor de pH
  • Meio ASTM ou água mineral com pH neutro


8.2. Preparação das soluções de ensaio (amostras)

1 A solução mãe constitui a própria amostra.

2 As concentrações ou diluições a ensaiar deverão normalmente seguir uma progressão geométrica. Escolhem-se, sempre que possível, concentrações que permitam obter várias respostas, conduzindo a uma inibição de crescimento entre 10 e 90%.

Soluções teste (Efluente - %): 0 / 6.25 / 12.5 / 25 / 50 / 100

3 As soluções teste são preparadas por diluição da solução mãe em ASTM, podendo a solução mãe constituir a solução de ensaio de concentração mais elevada.

Soluções teste (Amostra):
“100%”       : solução mãe
“50%”        : 250 ml solução cont. “100%”  + 250 ml ASTM
“25%”        : 250 ml solução cont. “50%”    + 250 ml ASTM
“12.5%”      : 250 ml solução cont. “25%”   + 250 ml ASTM
“6.25%”      : 250 ml solução cont. “12.5%” + 250 ml ASTM
“Controlo”    : 250 ml de ASTM

8.3. Técnica

1. Começar por encher o balão volumétrico de 500 ml com a solução de teste (concentração de 100%).
2. Retirar 250 ml deste balão para um balão volumétrico de 250 ml de capacidade. Utilizar a solução do segundo balão para encher os 4 recipientes de teste (50 ml por recipiente).
3. Adicionar 250 ml de meio ASTM aos 250 ml de solução de teste que tinham ficado no balão de 500 ml, obtendo 500 ml da concentração de 50% da solução.
4. Retirar 250 ml deste balão para o balão volumétrico de 250 ml de capacidade. Utilizar esta solução para encher os 4 recipientes teste da concentração de 50%.
5. Adicionar 250 ml de meio ASTM ao balão de 500 ml …e assim sucessivamente, diluindo sempre cada solução original a metade para obter a concentração seguinte (ver esquema I).
6. Utilizar como controlo meio ASTM, enchendo 4 recipientes com 50 ml desta solução.
7. Proceder à introdução de 5 juvenis de D. magna por recipiente, perfazendo um total de 20 para cada solução teste.
8. Registar na tabela I os valores de pH, oxigénio dissolvido e condutividade às 0 e 48 horas no controlo e nas várias diluições teste.
9. Os animais não devem ser alimentados durante o teste e os recipientes devem ser mantidos a 20±1ºC em luz branca com fotoperíodo de 16 horas de luz e 8 horas de escuro.
10. Após 48 horas, contabiliza-se o número total de dáfnias móveis e imóveis por solução teste, fazendo o registo na tabela II.




8.4. Cálculo da percentagem de mortalidade

Calcular a percentagem de mortalidade a partir da equação:

% mortalidade = nº de dáfnias mortas  x 100
                                                                           nº total de dáfnias       
8.5. Determinação da 48-CL50

Elaborar uma reta de regressão (Excel – Microsoft Office), colocando no eixo das abcissas o logaritmo de base 10 das concentrações e no eixo das ordenadas % de mortalidade. A partir da equação da reta, calcula-se o valor da concentração correspondente a % mortalidade = 50. Este corresponde ao valor da CL50.

8.6. Validação dos resultados

Consideram-se válidos os resultados se forem satisfeitas as seguintes condições no fim do teste:
a)      As concentrações de oxigénio dissolvido no fim do teste é maior ou igual a 2mg/L

b)      A percentagem de imobilidade dos controlos é menor ou igual a 10%

7 – Metodologia

Para desenvolver o trabalho foram selecionados 5 locais para recolha de amostras de água em pontos distintos dos rios Ave e Vizela, de modo a aplicar o bioensaio de toxicidade aguda.



As amostras foram retiradas dos seguintes locais:

- Amostra 1: Pista de Pesca (rio Ave)
- Amostra 2: Amieiro Galego (rio Ave)
- Amostra 3: Pinguela (rio Ave)
- Amostra 4: Fábrica Rio Vizela (rio Vizela)
- Amostra 5: Ponte Caniços (Rio Vizela)



Depois da recolha as amostras foram sujeitas uma análise de alguns parâmetros físicos (cor, turvação, odor) e químicos (pH). Os resultados encontram-se na tabela seguinte:

As amostras foram depois conservadas no frigorífico até ao momento da realização do bioensaio através de testes de toxicidade aguda para Daphnia magna. O bioensaio tem como objetivo determinar a concentração de 48h-CL50 das amostras.

Da comparação dos valores de (48h-CL50) para as amostras, pretende-se concluir sobre:
-           O local do curso de água que apresenta a menor/maior qualidade para o suporte de vida aquática;
-           O impacto ambiental das descargas da indústria no curso de água.