Em que água vives

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quinta-feira, 15 de maio de 2014

Vila das Aves

Vila das Aves
Vila das Aves é, hoje, o título urbano da antiga freguesia rural de S. Miguel das Aves, situada justamente no bico terráqueo onde o Ave e o Vizela se abraçam. A freguesia de S. Miguel das Aves havia de beneficiar muito com a instalação da Fábrica do Rio Vizela em 1845/46. Mais tarde, seria exatamente o progresso industrial e económico, que desencadearia o movimento bairrista, o qual havia de levar o Governo, em data de 1955, a dar a esta terra o merecido diploma, que elevava a freguesia a VILA DAS AVES.
Nos últimos vinte e cinco anos, proliferou a indústria de confeção de vestuário, o fim da "fileira" têxtil que se encontra em rápida movimentação para Marrocos ou para o Oriente, por questões de custos. As pequenas ou muito pequenas empresas são hoje o principal modelo industrial, e ocupam muito mais gente do que as médias e grandes. Exemplo disso é o grupo FIBROLITE (cujo atual principal produto se destina a isolamentos térmicos e acústicos), CASFIL (no ramo dos plásticos) e Transportes FREITAS (distribuição e venda de combustíveis).
Vila das Aves, hoje com cerca de 12.000 habitantes, modificou-se e cresceu, nos anos mais recentes, à custa do sector terciário. Existem quatro escolas no ensino básico, uma escola C S, uma escola do ensino secundário, infantários, lar de idosos. Depois há duas escolas de condução, clínicas, escritórios de advogados e solicitadores, consultores e técnicos. Vila das Aves é servida por um Posto da GNR e por um corpo de Bombeiros (Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Vila das Aves), ambos com instalações próprias e modernas. Durante o ano de 2005, ano das comemorações dos 50 Anos de elevação de Aves a Vila, foram também inaugurados a atual sede da Junta de Freguesia, o Centro Cultural de Vila das Aves e o Centro de Saúde de Vila das Aves.
Das muitas associações culturais, recreativas e desportivas existentes salienta-se a Associação de Karaté de Vila das Aves e o Clube Desportivo das Aves. O C.D. das Aves.

Heráldica
Aprovado pela Comissão de Heráldica, em 1995, o Brasão contém, em lugar de honra, a balança de ouro e a espada de ouro flamejante, simbolizando o patrono da Freguesia - S. Miguel Arcanjo. Em segundo plano, aparecem os dois rios, em faixa, simbolizando o Ave e o Vizela; o escudo verde simbolizando a agricultura e a lançadeira de ouro como símbolo da indústria têxtil.







Situação Geográfica
Localizada entre os rios Ave e Vizela (daí o seu nome), justamente na sua confluência, a freguesia de Vila das Aves pertence ao concelho de Santo Tirso, no qual ocupa a sua extremidade mais setentrional, ao distrito do Porto e à região de Entre – Douro – e – Minho. Encontra-se a nor-nordeste da sede concelhia, beneficiando das boas acessibilidades – nomeadamente as autoestradas A3 e A7 e ainda a rede ferroviária – para se ligar fácil e rapidamente aos principais polos da Região Norte, e daqui ao resto do país.


História
Vila das Aves comemora o cinquentenário da elevação a vila Já desde 1955 que merece essa distinção. No entanto, o seu passado é muito mais longínquo e preenchido, assim como os anos de entremeio entre o acontecimento e a atualidade profícuos e proveitosos.
As origens exatas desta ou de qualquer outra povoação são sempre difíceis de precisar, devido à falta de documentação e de preocupação em deixar informação para as gerações seguintes que grassava nas épocas mais remotas. No entanto, no caso de Vila das Aves é fácil depreender que pela sua privilegiada colocação geográfica desde cedo foi território ocupado. Se não for antes, pelo menos da época castreja abundam os vestígios, um pouco por todo o concelho, que teria sido densamente povoado por esta altura. Aliás é nesta região do Ave-Vizela-Leça que encontramos mais estações castrejas de grandes dimensões. De igual forma, também a época romana por aqui espalhou "pistas", mais evidentes em certos locais, como a freguesia de Alvarelhos. Mas por todo o concelho os romanos deixaram a sua marca, seja por intermédio de simples vasos e outros objetos em cerâmica (inteiros ou fragmentados), seja pela via romana que se julga atravessava o atual concelho, ligando o Porto a Guimarães. Quanto à freguesia de Vila das Aves em si, ela despontou e começou por crescer integrada no chamado "triângulo mesopotâmio", que vai desde a nascente do Rio Vizela até à sua junção ao Rio Ave, e que na Idade Média tinha a denominação de terra de Entre-Ambas-as-Aves. Uma denominação diretamente relacionada com os dois rios -o Rio Ave e o Rio Vizela, ou "pequeno Ave" ("Avicella", que depois derivou para "Avicela", "Avizela", e finalmente "Vizela") - e com uma certa confusão que terá sido originada pela outra palavra "ave", e que se pensa que terá sido responsável pela adoção do género feminino, e não masculino, como teria sido mais adequado. Seja como for, a atualmente denominada Vila das Aves foi o único espaço que conservou até aos dias de hoje as raízes etimológicas de então. As primeiras citações documentais relativas à atual freguesia, e ao conjunto das paróquias do referido triângulo, por inerência, parecem surgir nas Inquirições de D. Afonso 11. Em 1220, sendo que em 1320 é referenciada numa carta de D Dinis, a dotar a Igreja de São Miguel das Aves com 40 libras.
O certo é que este agregado populacional, talvez devido às próprias condicionantes naturais, manteve-se isolado durante muito tempo, e pendeu sempre mais para Braga, que lhe conferia a autoridade religiosa, já que pertencia à Arquidiocese, e para Vermoim, responsável pela sua autoridade jurídica, pelo seu Julgado. Em termos políticos e administrativos, a sua colocação era no Termo de Barcelos, situação que se manteve até 1835, data da criação do concelho de Famalicão, onde foi integrada. Um ano antes, já a São Miguel das Aves tinham sido anexadas as paróquias de São Lourenço de Romão e de Santo André de Sobrado, que a tornaram numa freguesia maior. Em 1879, é finalmente transferida para o concelho de Santo Tirso, onde se mantém até hoje, apesar da intenção em formar um novo concelho, juntamente com Riba d’Ave (Famalicão) e Lordelo (Guimarães), que se intitularia de Terras do Ave.
No século XIX, mais concretamente em 1883, chega o caminho-de-ferro à freguesia. Para fazer face às dificuldades de trânsito da época (!), dizia-se... O novo traçado, na altura muito mais estreito, entra nas Aves pela Ponte de Caniços, sobre o Rio Ave, seguindo depois junto ao Rio Vizela, contornando a freguesia pela margem direita deste último. A estação. Inicialmente construída noutro local, mudou-se depois em definitivo para o lugar da Ponte. Esta nova via de comunicação foi um elemento fundamental para o desenvolvimento da terra, tornando-se numa autêntica passadeira volante de pessoas e mercadorias, no eixo Lousado - Santo Tirso - Vizela - Guimarães, e, no caso particular de São Miguel das Aves, funcionou na perfeição como meio privilegiado para o escoamento da alta produção industrial têxtil. Aliás, a vocação industrial da freguesia é uma característica que já vem de longe e que se mantém bem viva na atualidade. Pioneira mesmo em determinados sectores, assistiu ao estabelecimento da primeira unidade têxtil algodoeira do Vale do Ave, em 1845, a Fábrica de Fiação e Tecidos do Rio Vizela. Uma fábrica histórica nos dias de hoje, já que é, nada mais, nada menos, do que a mais antiga ainda em laboração em Portugal, dentro do seu ramo.
Como corolário natural da evolução e do crescimento notório da freguesia, é elevada a vila em 4 de Abril de 1955. Uma data que ficou para sempre imortalizada para todos os avenses, comemorada com orgulho e entusiasmo agora que são passados cinquenta anos da efeméride.
De resto, Vila das Aves continua a demonstrar o mesmo dinamismo e a mesma pujança que a levaram a atingir tão alto patamar há já tanto tempo. Detentora da maior concentração industrial do concelho (historicamente especializada no sector têxtil algodoeiro), tem vindo a desenvolver-se a olhos vistos também nos outros ramos de atividade, cotando-se atualmente como um dos mais Bombeiros Voluntários importantes núcleos urbanos de Santo Tirso. Cada vez mais autónoma e autossuficiente, assiste a uma propagação e a uma diversificação dos sectores económicos, na área comércio e dos serviços. Praticamente de tudo em pouco já é possível encontrar aqui, desde os bens de primeira necessidade aos menos prementes e até luxuosos. A restauração está bem representada, com uma oferta ampla e variada.
Este momento de festa, por ocasião da comemoração do cinquentenário de elevação a vila, é o ideal para fazer um balanço do rico e evolutivo passado da freguesia e traçar um futuro que se adivinha risonho e auspicioso. Vila das Aves está viva e empenhada em prosseguir o trilho do sucesso!
Locais mais emblemáticos
A freguesia de Vila das Aves, antiga São Miguel das Aves, conserva vários sinais do seu passado. Dos templos religiosos, destaca-se naturalmente a sua Igreja Matriz, amplo e sóbrio edifício, marcado pela sua torre sineira central, ladeada lateralmente por dois pares de janelas de cada lado. Crê-se de origem setecentista, tendo sido reedificada em 44nais do século XIX, pelo Conde de São Bento (um dos ilustres nascidos na freguesia), e depois reconstruído o seu corpo em 1928.
Das extintas freguesias de Santo André de Sobrado e São Lourenço de Romão (anexadas a São Miguel das Aves no século XIX) herdou dois monumentos. O da primeira - a Capela de Santo André de Sobrado - encontra-se em perfeito estado de conservação, também devido à recente restauração de que foi alvo, e é na verdade um bonito e antigo (seiscentista) templo, de pequenas dimensões e atrativa singeleza, dotado de capela-mor e encimado por uma equilibrada sineira. Quanto ao antigo templo da segunda freguesia, tudo o que resta dele é a imagem do santo - São Lourenço - motivo aliás de certa polémica, já que foi transferida para a Igreja Matriz das Aves, regressando apenas ao lugar de origem em 1985, tendo sido erguida uma pequena capela para o acolher. Existem também três cruzeiros na freguesia associados aos monumentos atrás descritos: o Cruzeiro da Igreja Paroquial, situado num pequeno largo atras do cemitério, o Cruzeiro de Romão, junto à estrada, datado de 1748, e o Cruzeiro de Sobrado.

Outros dois monumentos de grande relevância em Vila das Aves são os mosteiros que aqui se situam, que arrastam atrás de si uma história algo intrincada. O Mosteiro da Visitação de Santa Maria — o atual — foi construído em 1964, no lugar do Longal, já que o anterior, datado de 1887, havia sido confiscado em 1911. Quanto ao Mosteiro de São José das Clarissas Adoradoras, nasceu precisamente do antigo Mosteiro da Visitação, na Quinta da Carreira, em 1955, tendo sido reconstruído em 1986, Ambos são detentores de capela própria. Para além destas duas capelas, existe uma outra bem curiosa, que apesar de se situar dentro dos limites da freguesia vizinha de Lordelo (Guimarães), no lugar de Lubazim, sempre teve uma grande ligação a São Miguel das Aves (as Memórias Paroquiais de 1758 consideram-na dentro da jurisdição da paróquia de Aves). Mesmo praticamente em ruínas, a Capela da Senhora da Sêca não deixa de constituir uma peculiar referência avense.

Os alunos do 12A
Fonte: http://www.jf-viladasaves.pt/