Vila das Aves
Vila das Aves é, hoje, o título
urbano da antiga freguesia rural de S. Miguel das Aves, situada justamente no
bico terráqueo onde o Ave e o Vizela se abraçam. A freguesia de S. Miguel das
Aves havia de beneficiar muito com a instalação da Fábrica do Rio Vizela em
1845/46. Mais tarde, seria exatamente o progresso industrial e económico, que
desencadearia o movimento bairrista, o qual havia de levar o Governo, em data
de 1955, a dar a esta terra o merecido diploma, que elevava a freguesia a VILA
DAS AVES.
Nos últimos vinte e cinco anos,
proliferou a indústria de confeção de vestuário, o fim da "fileira"
têxtil que se encontra em rápida movimentação para Marrocos ou para o Oriente,
por questões de custos. As pequenas ou muito pequenas empresas são hoje o
principal modelo industrial, e ocupam muito mais gente do que as médias e
grandes. Exemplo disso é o grupo FIBROLITE (cujo atual principal produto se destina
a isolamentos térmicos e acústicos), CASFIL (no ramo dos plásticos) e
Transportes FREITAS (distribuição e venda de combustíveis).
Vila das Aves, hoje com cerca de
12.000 habitantes, modificou-se e cresceu, nos anos mais recentes, à custa do
sector terciário. Existem quatro escolas no ensino básico, uma escola C S, uma
escola do ensino secundário, infantários, lar de idosos. Depois há duas escolas
de condução, clínicas, escritórios de advogados e solicitadores, consultores e
técnicos. Vila das Aves é servida por um Posto da GNR e por um corpo de
Bombeiros (Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Vila das Aves),
ambos com instalações próprias e modernas. Durante o ano de 2005, ano das
comemorações dos 50 Anos de elevação de Aves a Vila, foram também inaugurados a
atual sede da Junta de Freguesia, o Centro Cultural de Vila das Aves e o Centro
de Saúde de Vila das Aves.
Das muitas associações culturais,
recreativas e desportivas existentes salienta-se a Associação de Karaté de Vila
das Aves e o Clube Desportivo das Aves. O C.D. das Aves.
Heráldica
Aprovado pela Comissão de Heráldica,
em 1995, o Brasão contém, em lugar de honra, a balança de ouro e a espada de
ouro flamejante, simbolizando o patrono da Freguesia - S. Miguel Arcanjo. Em
segundo plano, aparecem os dois rios, em faixa, simbolizando o Ave e o Vizela;
o escudo verde simbolizando a agricultura e a lançadeira de ouro como símbolo
da indústria têxtil.
Situação Geográfica
Localizada entre os rios Ave e Vizela
(daí o seu nome), justamente na sua confluência, a freguesia de Vila das Aves
pertence ao concelho de Santo Tirso, no qual ocupa a sua extremidade mais
setentrional, ao distrito do Porto e à região de Entre – Douro – e – Minho.
Encontra-se a nor-nordeste da sede concelhia, beneficiando das boas
acessibilidades – nomeadamente as autoestradas A3 e A7 e ainda a rede
ferroviária – para se ligar fácil e rapidamente aos principais polos da Região
Norte, e daqui ao resto do país.
História
Vila das Aves comemora o
cinquentenário da elevação a vila Já desde 1955 que merece essa distinção. No
entanto, o seu passado é muito mais longínquo e preenchido, assim como os anos
de entremeio entre o acontecimento e a atualidade profícuos e proveitosos.
As origens exatas desta ou de
qualquer outra povoação são sempre difíceis de precisar, devido à falta de
documentação e de preocupação em deixar informação para as gerações seguintes
que grassava nas épocas mais remotas. No entanto, no caso de Vila das Aves é fácil
depreender que pela sua privilegiada colocação geográfica desde cedo foi
território ocupado. Se não for antes, pelo menos da época castreja abundam os
vestígios, um pouco por todo o concelho, que teria sido densamente povoado por
esta altura. Aliás é nesta região do Ave-Vizela-Leça que encontramos mais
estações castrejas de grandes dimensões. De igual forma, também a época romana
por aqui espalhou "pistas", mais evidentes em certos locais, como a
freguesia de Alvarelhos. Mas por todo o concelho os romanos deixaram a sua
marca, seja por intermédio de simples vasos e outros objetos em cerâmica
(inteiros ou fragmentados), seja pela via romana que se julga atravessava o atual
concelho, ligando o Porto a Guimarães. Quanto à freguesia de Vila das Aves em
si, ela despontou e começou por crescer integrada no chamado "triângulo
mesopotâmio", que vai desde a nascente do Rio Vizela até à sua junção ao
Rio Ave, e que na Idade Média tinha a denominação de terra de
Entre-Ambas-as-Aves. Uma denominação diretamente relacionada com os dois rios
-o Rio Ave e o Rio Vizela, ou "pequeno Ave" ("Avicella",
que depois derivou para "Avicela", "Avizela", e finalmente
"Vizela") - e com uma certa confusão que terá sido originada pela
outra palavra "ave", e que se pensa que terá sido responsável pela adoção
do género feminino, e não masculino, como teria sido mais adequado. Seja como
for, a atualmente denominada Vila das Aves foi o único espaço que conservou até
aos dias de hoje as raízes etimológicas de então. As primeiras citações
documentais relativas à atual freguesia, e ao conjunto das paróquias do
referido triângulo, por inerência, parecem surgir nas Inquirições de D. Afonso
11. Em 1220, sendo que em 1320 é referenciada numa carta de D Dinis, a dotar a
Igreja de São Miguel das Aves com 40 libras.
O certo é que este agregado
populacional, talvez devido às próprias condicionantes naturais, manteve-se
isolado durante muito tempo, e pendeu sempre mais para Braga, que lhe conferia
a autoridade religiosa, já que pertencia à Arquidiocese, e para Vermoim,
responsável pela sua autoridade jurídica, pelo seu Julgado. Em termos políticos
e administrativos, a sua colocação era no Termo de Barcelos, situação que se
manteve até 1835, data da criação do concelho de Famalicão, onde foi integrada.
Um ano antes, já a São Miguel das Aves tinham sido anexadas as paróquias de São
Lourenço de Romão e de Santo André de Sobrado, que a tornaram numa freguesia
maior. Em 1879, é finalmente transferida para o concelho de Santo Tirso, onde
se mantém até hoje, apesar da intenção em formar um novo concelho, juntamente
com Riba d’Ave (Famalicão) e Lordelo (Guimarães), que se intitularia de Terras
do Ave.
No século XIX, mais concretamente em
1883, chega o caminho-de-ferro à freguesia. Para fazer face às dificuldades de
trânsito da época (!), dizia-se... O novo traçado, na altura muito mais
estreito, entra nas Aves pela Ponte de Caniços, sobre o Rio Ave, seguindo
depois junto ao Rio Vizela, contornando a freguesia pela margem direita deste
último. A estação. Inicialmente construída noutro local, mudou-se depois em
definitivo para o lugar da Ponte. Esta nova via de comunicação foi um elemento
fundamental para o desenvolvimento da terra, tornando-se numa autêntica
passadeira volante de pessoas e mercadorias, no eixo Lousado - Santo Tirso -
Vizela - Guimarães, e, no caso particular de São Miguel das Aves, funcionou na
perfeição como meio privilegiado para o escoamento da alta produção industrial
têxtil. Aliás, a vocação industrial da freguesia é uma característica que já
vem de longe e que se mantém bem viva na atualidade. Pioneira mesmo em
determinados sectores, assistiu ao estabelecimento da primeira unidade têxtil
algodoeira do Vale do Ave, em 1845, a Fábrica de Fiação e Tecidos do Rio
Vizela. Uma fábrica histórica nos dias de hoje, já que é, nada mais, nada
menos, do que a mais antiga ainda em laboração em Portugal, dentro do seu ramo.
Como corolário natural da evolução e
do crescimento notório da freguesia, é elevada a vila em 4 de Abril de 1955.
Uma data que ficou para sempre imortalizada para todos os avenses, comemorada
com orgulho e entusiasmo agora que são passados cinquenta anos da efeméride.
De resto, Vila das Aves continua a
demonstrar o mesmo dinamismo e a mesma pujança que a levaram a atingir tão alto
patamar há já tanto tempo. Detentora da maior concentração industrial do
concelho (historicamente especializada no sector têxtil algodoeiro), tem vindo
a desenvolver-se a olhos vistos também nos outros ramos de atividade,
cotando-se atualmente como um dos mais Bombeiros Voluntários importantes
núcleos urbanos de Santo Tirso. Cada vez mais autónoma e autossuficiente,
assiste a uma propagação e a uma diversificação dos sectores económicos, na
área comércio e dos serviços. Praticamente de tudo em pouco já é possível
encontrar aqui, desde os bens de primeira necessidade aos menos prementes e até
luxuosos. A restauração está bem representada, com uma oferta ampla e variada.
Este momento de festa, por ocasião da
comemoração do cinquentenário de elevação a vila, é o ideal para fazer um
balanço do rico e evolutivo passado da freguesia e traçar um futuro que se
adivinha risonho e auspicioso. Vila das Aves está viva e empenhada em
prosseguir o trilho do sucesso!
Locais mais emblemáticos
A freguesia de Vila das Aves, antiga
São Miguel das Aves, conserva vários sinais do seu passado. Dos templos
religiosos, destaca-se naturalmente a sua Igreja Matriz, amplo e sóbrio
edifício, marcado pela sua torre sineira central, ladeada lateralmente por dois
pares de janelas de cada lado. Crê-se de origem setecentista, tendo sido reedificada
em 44nais do século XIX, pelo Conde de São Bento (um dos ilustres nascidos na
freguesia), e depois reconstruído o seu corpo em 1928.
Das extintas freguesias de Santo
André de Sobrado e São Lourenço de Romão (anexadas a São Miguel das Aves no
século XIX) herdou dois monumentos. O da primeira - a Capela de Santo André de
Sobrado - encontra-se em perfeito estado de conservação, também devido à
recente restauração de que foi alvo, e é na verdade um bonito e antigo
(seiscentista) templo, de pequenas dimensões e atrativa singeleza, dotado de
capela-mor e encimado por uma equilibrada sineira. Quanto ao antigo templo da
segunda freguesia, tudo o que resta dele é a imagem do santo - São Lourenço -
motivo aliás de certa polémica, já que foi transferida para a Igreja Matriz das
Aves, regressando apenas ao lugar de origem em 1985, tendo sido erguida uma
pequena capela para o acolher. Existem também três cruzeiros na freguesia
associados aos monumentos atrás descritos: o Cruzeiro da Igreja Paroquial,
situado num pequeno largo atras do cemitério, o Cruzeiro de Romão, junto à
estrada, datado de 1748, e o Cruzeiro de Sobrado.
Outros dois monumentos de grande
relevância em Vila das Aves são os mosteiros que aqui se situam, que arrastam
atrás de si uma história algo intrincada. O Mosteiro da Visitação de Santa
Maria — o atual — foi construído em 1964, no lugar do Longal, já que o
anterior, datado de 1887, havia sido confiscado em 1911. Quanto ao Mosteiro de
São José das Clarissas Adoradoras, nasceu precisamente do antigo Mosteiro da
Visitação, na Quinta da Carreira, em 1955, tendo sido reconstruído em 1986,
Ambos são detentores de capela própria. Para além destas duas capelas, existe
uma outra bem curiosa, que apesar de se situar dentro dos limites da freguesia
vizinha de Lordelo (Guimarães), no lugar de Lubazim, sempre teve uma grande
ligação a São Miguel das Aves (as Memórias Paroquiais de 1758 consideram-na
dentro da jurisdição da paróquia de Aves). Mesmo praticamente em ruínas, a
Capela da Senhora da Sêca não deixa de constituir uma peculiar referência
avense.
Os alunos do 12A
Fonte: http://www.jf-viladasaves.pt/